Novo tipo de implante ortopédico para cães promete mais eficácia
17 de maio de 2010
A fratura de um osso é uma experiência difícil para os animais de estimação. Além da perda temporária de movimentos e da dor provocada, que deixa o animal inquieto, o processo de recuperação é mais delicado. Dependendo da lesão, o cão ou gato deve passar por uma cirurgia para a fixação óssea do local afetado, uma técnica em que o osso é imobilizado com algum tipo de material para que ele se reconstrua.
Geralmente, usa-se nas operações um pino dentro do osso ou uma placa para proporcionar maior estabilidade ou algo como uma tala que envolve a pata e imobiliza a área lesionada. Com o objetivo de tornar a recuperação mais eficaz, professores do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Lavras (Ufla) criaram um novo método de implante ortopédico para tratar fraturas em ossos longos de cães: o fêmur e a tíbia, localizados nas patas traseiras, e o úmero, nas dianteiras.
A técnica foi desenvolvida, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), por uma equipe composta por dois professores do Departamento, um aluno de graduação e uma de pós-graduação, liderados pelo professor Leonardo Muzzi. O grupo, dedicado à clínica cirúrgica animal, já realizou outros estudos nas áreas de ortopedia e de cirurgia de tecidos moles, mas é o seu primeiro trabalho com o tema fixação de fraturas. O novo método consiste na combinação entre duas modalidades de fixação óssea, em que uma haste de aço cirúrgico é colocada dentro do osso e uma placa ortopédica é colocada acima dele, ambas ligadas entre si por parafusos ortopédicos.
O objetivo do estudo foi desenvolver um sistema de fixação óssea que desse maior estabilidade às fraturas mais fragmentadas, com ossos que se partem em pedaços menores, especialmente aquelas que ocorrem no corpo de ossos longos. Segundo Muzzi, o sistema, que ganhou o nome Plate-Nail por associar as técnicas da haste bloqueada e da placa óssea, tem melhor desempenho na recuperação porque sua rigidez impede a movimentação prematura das partes do osso. Quando ocorre a fratura, explica o professor, o osso fica sujeito à ação de várias forças – de compressão, rotação, angulação (encurvamento) e de afastamento entre as partes (cisalhamento) -, o que pode dificultar a sua recuperação. O novo sistema neutraliza de forma eficaz essas forças que prejudicam o processo de reparação do osso.
Por essa característica, o método é indicado especialmente para casos em que a lesão é mais complexa, quando há ossos que podem se quebrar em mais de um local ou mesmo caso de perda óssea. “A rigidez proporcionada pelo sistema favorece a junção dos fragmentos do osso”, explica o veterinário. Após o tempo de recuperação, que varia conforme a lesão e as condições de saúde do animal, o material pode ser retirado ou mesmo continuar no corpo do animal, já que o aço cirúrgico é inerte. Também por causa dessa propriedade, o risco de rejeição é teoricamente nulo.
Resultados
O método está sendo desenvolvido desde 2007 e, de acordo com Leonardo Muzzi, tem apresentado bons resultados tanto nos testes com máquinas quanto com animais. Os primeiros experimentos foram baseados em ensaios biomecânicos, com aparelhos que simulavam as condições de implantes nos cães. Mais tarde, foram realizados testes em cadáveres e, depois, em animais vivos que sofreram algum tipo de fratura, em sua maioria vítimas de atropelamentos por carros, e que foram levados ao Hospital Veterinário da Universidade para tratamento.
Apenas no hospital da Ufla são feitas, em média, quatro operações por semana de fraturas em animais de pequeno porte, como cães e gatos, além de outros casos de problemas ortopédicos. “Ainda estamos fazendo testes biomecânicos e coletando dados para comparação com outras técnicas, mas o desempenho tem sido ótimo”, avalia o pesquisador. Também há previsão de que, ainda neste ano, a técnica seja testada em outras espécies como cavalos ou mesmo em humanos, mas isso depende de algumas modificações nos implantes.
Por se tratar de um método inédito, a Universidade depositou um pedido de patente no ano passado no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi). Segundo o professor, o método está sendo comercializado, desde o ano passado, por uma empresa que produz as hastes para estabilizar os ossos. “O custo é um pouco mais elevado se comparado às técnicas comumente utilizadas, mas o ganho em eficácia é grande”, diz.
Fonte: http://www.anda.jor.br/?p=62487
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