sábado, 20 de março de 2010

UTI Veterinária...


UTI veterinária
Saiba o que esperar da tecnologia de ponta e dos profissionais especializados em terapia intensiva animal

Incubadora, monitores cardíacos e respiratórios, soro, protocolos anestésicos, médicos de olho no relógio para que os remédios sejam administrados nos horários corretos. A medicina veterinária parece cada vez mais com a humana. Resta saber se os seus serviços estão prontos para atender as emergências dos nossos companheiros, principalmente nas UTIs, setor em um hospital que sugere quadros de maior gravidade dos pacientes e monitoramento dos animais em tempo integral.
“Um animal deve ser levado para a terapia intensiva nas situações em que corre risco de vida, quando precisa de atenção 24 horas”, explica a médica veterinária Andreza Conti, responsável pela UTI do Provet, em São Paulo. Segundo ela, uma unidade de terapia precisa, antes de tudo, profissionais gabaritados, e, de maneira complementar, aparelhos como os de oxigenoterapia, gasometria, monitor de pressão invasivo e não-invasivo, banho de infusão, ultra-sonografia tridimensional, videolaparoscopia, entre outros.
Na UTI, o animal deve ficar sob observação dos veterinários por tempo integral e as visitas feitas apenas em horários programados. Relatórios sobre a alimentação, medicação e possíveis melhoras ou pioras de quadro devem ser constantes.
De acordo com a doutora Evelise Gomes de Oliveira, do Hospital Koala, região dos Jardins em São Paulo, os motivos que mais levam os cães e gatos a serem internados são traumas (quedas ou atropelamentos), internação pós-cirúrgica, intoxicação, diabetes, gastrenterite (infecção no estômago e/ou no intestino) e doenças infecciosas como a parvovirose, a sinomose e a PIF. “É muito importante que a UTI tenha um ambiente separado para esses tratamentos”, afirma a médica).
Para cuidar dessa demanda, os hospitais que oferecem este tipo de serviço disponibilizam, geralmente, 3 veterinários que se revezam dia e noite com exclusividade total, como é o caso do Hospital Koala e da Provet. Outros, se organizam com rodízio entre profissionais das diversas áreas do Hospital, como é o caso do Sena Madureira, na Zona Sul da capital paulista.
Um serviço ainda recente
A maioria das UTIs para animais tem menos de dez anos de existência. A recente implementação do serviço, aliado à aparelhagem ainda em desenvolvimento, explica porque os índices de eficácia estão distantes de alcançar os níveis de qualidade dos tratamentos em humanos.
Uma carência freqüente é o tamanho reduzido das salas de UTI. A maioria desses locais foi adaptada de antigas clínicas e as áreas destinadas para a internação tendem a ser pequenas. O Dr. Archivaldo Reche Junior, chefe do departamento de clínica médica do HOVET (hospital veterinário da USP), explica que este quesito, apesar de não influenciar na recuperação dos pacientes, pode prejudicar a movimentação dos profissionais médicos e dos enfermeiros nos momentos de urgência. “O espaço depende da estrutura do hospital e de sua casuística, embora o recinto deva ter tudo que seja utilizado em uma situação de emergência.”, diz o veterinário. Ele lembra que além dos profissionais e dos animais, as salas de UTI devem conter os remédio e aparelhos necessários nos casos de urgência.
E completa dizendo que o ideal seria que cada veterinário da internação ficasse responsável por apenas três ou quatro pacientes internados junto com um enfermeiro e um plantonista estagiário (aluno de graduação ou mesmo veterinário formado). Essa equipe deve ter o apoio de profissionais especializados em anesteologia, caso haja necessidade de uma sedação. Dr Reche também alerta para a questão dos animais com doenças infecciosas. “É necessário um ambiente isolado. E o pessoal que trabalha com esses animais não deve ter contato com os outros pacientes”, explica.
Outro agravante, é a falta de formação para profissionais que trabalham com assistência intensiva. Segundo Archivaldo, essa área inda deixa um pouco a desejar. “O aluno vai ter que fazer estágios. Aquele que se interessar pela área de atendimento intensivo terá que buscar locais onde esse serviço está disponível, seja no Brasil ou fora dele. Nós damos embasamento mínimo teórico e prático para que ele tenha condições de buscar esse aperfeiçoamento posteriormente”, resume.
Como as faculdades ainda não estão preparadas para a especialização quem quer correr atrás desse prejuízo pode recorrer aos poucos cursos disponíveis como os do IVI (Instituto Veterinário de Imagem), junto ao Hospital Veterinário Pompéia, ambos na Zona Oeste. ou por treinamentos oferecidos dentro dos hospitais que oferecem esse serviço. Quem quer ir mais longe pode recorrer a cursos da medicina humana, que por ser mais avançada, pode acrescentar conhecimentos importantes, como faz a doutora Andreza Conti. “Não perco uma chance de freqüentar cursos, como os do Incor, que faço junto com o meu marido que estuda medicina”, revela.
A veterinária Flávia Renata Gussoni que trabalhou durante dois anos e meio na UTI de um tradicional hospital veterinário da cidade de São Paulo traz algumas vivências que ilustram e denunciam falhas no sistema de funcionamento das terapias intensivas para animais.
Flávia conta que, dependendo do veterinário que está trabalhando na UTI, os animais ficam sem o acompanhamento de profissionais na sala de internação. “Tem muitos veterinários que não ficam na sala [de internação] fora do horário de medicação se os pacientes estão estáveis. Isto não é correto, pois se um animal está na UTI, tem algum desequilíbrio e, dependendo do problema, pode descompensar a qualquer momento, o médico tem que estar atento para isso”, denuncia.
A médica veterinária, que chegou a cuidar sozinha de 15 bichos por falta de pessoal, acredita que outro grave problema é a contratação de veterinários em início de carreira para trabalhar na área. Esses profissionais recebem menos e caso tenham dúvidas quanto aos procedimentos que devem seguir, não passarão por constrangimentos, uma vez que os proprietários só fazem visitas com horário marcado.
Flávia revela que o maior problema da UTI está nas relações humanas: “A maioria dos veterinários não sabe lidar com os donos de animais. O proprietário que está disposto a pagar pelo custo desse serviço, tem o animal como parte da família e os médicos não sabem lidar com isso” observa ela e ressalta a falta de paciência e compreensão por parte de alguns médicos para com as pessoas que entram em crise ao ver seus animais definhando.
A veterinária garante que apesar de todas as deficiências, a UTI não é uma coisa ruim, pelo contrário, é boa, mas tem problemas porque há pessoas despreparadas trabalhando na área.
Questão de vida ou morte
Apesar dos pequenos problemas, a UTI continua sendo o lugar mais indicado para o bicho que precisa de observação em tempo integral. A rapidez do dono em socorrer seu animal e um trabalho bem feito por parte dos médicos veterinários (no primeiro atendimento, na eventual cirurgia e depois, na internação), são fatores decisivos para sobrevivência do bicho.
Isso aconteceu com a gata siamesa Sessé. A advogada Lílian Oliveira, sua dona, a deixou em pet shop para tomar banho. Como a gata era sapeca, a veterinária responsável pelo local deu tranqüilizante para o animal, mas errou na mão e aplicou uma dose cavalar literalmente, pois a quantidade da substância daria para sedar um eqüino. “À noite ela começou a espumar, tremendo e depois ficou sem reagir”, conta Lílian. Naquela madrugada a proprietária levou o animal o mais rápido possível para ser atendida. A gata passou uma semana internada, sob observação e tratamento. Essas atitudes foram fundamentais para Sessé, que se recuperou e viveu mais cinco anos após essa data.
Custo e confiança
O doutor Archivaldo Reche Junior concorda que a UTI é um serviço caro, mas não vê maneira de baratear o seu custo. Como ele explica, pacientes que não tem condições de pagar pelo serviço, devem voltar para casa: “Se ele não tem condições financeiras de arcar com os custos de um hospital particular, recebe a melhor assistência possível dentro do Hovet [Hospital Veterinário da USP] e depois leva o bicho para casa e, com as instruções do veterinário, tenta manter esse animal nas melhores condições possíveis para voltar no dia seguinte”.
Ele também revela que em breve o Hovet terá uma área de internação, embora os horários de atendimentos continuem os mesmos. O serviço, assim como os outros prestados pelo hospital, será pago e será administrado pela USP, que é um centro de referência na construção de conhecimentos e saberes da veterinária.
Pela quantidade de profissionais envolvidos (desde o manobrista, até enfermeiros e médicos plantonistas) e de aparelhos tecnológicos, os serviços da UTI acabam por ter um custo que pode chegar a R$ 500,00 para uma diária de internação. Vale pensar que preço alto e máquinas avançadas não são sinônimos de um serviço confiável e de qualidade. Os hospitais veterinários têm diferentes maneiras de se organizar e pequenas diferenças na tecnologia.
Veja a seguir o que procurar para medir a confiabilidade destes locais:
•O Hospital Veterinário deve ter uma entrada no nível do chão, com porta automática e espaço para que um carro estacione ao lado dela a fim de receber com facilidade qualquer tipo de emergência.
•Procure saber se o monitoramento é feito durante todo o tempo por veterinários.
•Conheça as dependências da internação, ela deve ser limpa, bem iluminada e arejada.
•Observe a atenção e o cuidado com que os profissionais tratam o seu animal e, principalmente, outros animais.
•Converse com os plantonistas do hospital, saiba que tipos de curso já fizeram, com que freqüência se mantêm atualizados.
•O hospital deve ter um espaço especial para doenças infecciosas, que deve ser limpo e afastado das demais alas. Portas de vidro na gaiola são bem vindas, pois dificultam a disseminação das doenças.
•Peça a indicação de um Hospital 24 horas para um veterinário de sua confiança e mantenha esse número em um lugar acessível para momentos de necessidade.
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