segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Surdez Canina: Companheiros no Silêncio



Desfazer os mitos e aprender a lidar com o cão surdoFontes: http://www.vivapets.com/
Autor: Elsa Bernardo Oliveira
Muitos são os mitos que se atribuem ao cão surdo. Muita gente rejeita o escolhido amigo canino depois de diagnosticada a surdez porque acha que isso significa que o cão é pouco inteligente, que não será capaz de aprender o básico para viver dentro de casa, que é temperamental e que o mais certo é ser atropelado assim que sair à rua. Nada mais errado. Um cão surdo é tão feliz e amável como qualquer outro, inteligente e ansioso por aprender e por ter atenção do dono. Precisa talvez de uma dose maior de paciência, mas não da nossa pena ou rejeição. E os resultados são tão compensadores como com um cão que ouve, isto é, um companheiro para toda a vida, brilhante e afectuoso.
Causas da surdez
Um cão pode nascer surdo. Há registos de 35 raças com probabilidades genéticas de originar cachorros surdos, mas mesmo nessas raças as percentagens são muito baixas. Apenas os dálmatas apresentam um percentagem mais alta. 30% destes belos cães nascem surdos. Os Boxers, Bull Terriers, e Montanhas dos Pirinéus são outras das raças comuns entre nós que podem sofrer desse defeito genético.
Mas todos os cães são passíveis de perder a audição, quer por doença, ferimento ou velhice. Diagnosticar a surdez do animal pode ajudar a compreendê-lo e a evitar mal-entendidos.
O diagnóstico definitivo de surdez só pode ser dado pelo teste BAER (Brainstem Auditory Evoked Response), mas este é bastante caro. Os testes caseiros e a consulta veterinária determinam com quase toda a segurança a surdez bilateral (dos dois ouvidos) ou unilateral (de um ouvido só). Afinal, ninguém conhece melhor o cão do que o dono e o seu veterinário.
Se notar que o seu cão, quer seja apenas um cachorro ou um adulto perfeitamente integrado na família, não responde quando o chamam; ou responde apenas quando está virado de frente para si, dorme mais do que o habitual, não acorda senão quando tocado, se vira na direcção errada quando o chamam, abana a cabeça ou coça as orelhas muitas vezes, pode estar perante sinais de surdez.
Pode fazer alguns testes para confirmar as suas suspeitas: com o cão virado de costas para si e à distância suficiente para não sentir as vibrações do ar e do chão, abane um molho de chaves, aperte um brinquedo que chie, bata palmas, ligue o aspirador, bata com dois objetos um no outro ou toque uma campainha. Lembre-se que o cão pode reagir se sentir as vibrações destes testes. Em todo o caso, leve-o ao seu veterinário. Ele, melhor do que ninguém, poderá fazer um diagnóstico mais preciso. Pode até acontecer que o cão tenha o canal auditivo bloqueado e o caso se resolva com uma limpeza.
A comunicação é essencial
Um cão surdo aprende com tanta facilidade como qualquer outro. Só que não ouve. Portanto é preciso aprender a comunicar com ele. A comunicação gestual dá grandes resultados. O cão aprenderá os gestos correspondentes às ordens que lhe quer dar, aos objectos, às actividades, tudo o que lhe queira ensinar.
Aos 5 ou 6 anos a maioria dos cães conhece até 50 sinais. Com um ano pode entender até 20. Pode começar com os básicos: senta, deita, fica, vem, rua, bola... O cão aprenderá imediatamente a procurar sinais nas suas mãos e expressões faciais, assim como nos objetos, como a tigela da comida ou a guia.
Comprar um livro de bolso de linguagem gestual é uma ótima opção porque além do dono aprender, pode facultar os sinais básicos a qualquer pessoa que necessite de ficar com o cão por alguma circunstância (o veterinário, por exemplo).
Chamar o cão pode ser um problema se ele se afastar demasiado. Dentro de casa ou em espaços limitados, pode chamá-lo batendo no chão com o pé ou acendendo e apagando luzes. Fora de casa, mantenha-o SEMPRE à guia.
Tenha especial atenção no treino de acordar um cão surdo, porque isto exige muita paciência e cuidado. Faça-o sentir os seus passos e toque-lhe suavemente. Habitue-o a ser tocado sempre no mesmo local, no ombro, por exemplo. Muitos mitos errados sobre a agressividade dos cães surdos são originados por sustos causados por acordares bruscos. Lembre-se que qualquer cão assustado por reagir mal, tente fazê-lo sentir-se sempre em segurança.
Exercício é sempre essencial
Qualquer cão precisa de exercício para se manter feliz e saudável. No entanto, um cão surdo não deve ser deixado nunca à solta, pois não ouve os chamamentos do dono e pode fugir para longe e perder-se, além de que não ouve os carros e pode ser atropelado. A guia é essencial, assim como uma etiqueta com nome do animal, contatos do dono e menção de surdez. Pode ainda ter uma campainha para o poder localizar se ele se afastar. Uma coleira corporal, em vez de uma de pescoço, anula a possibilidade de o cão, se assustado, recuar e a guia escapar pela cabeça. Se tem jardim ou pátio, este deve ser vedado, para impedir que o cão escape para a rua.
Basta seguir algumas regras básicas para que o seu companheiro especial desfrute de uma vida feliz e repleta de bons momentos consigo.
10 dicas para lidar com um cão surdo:
1 - Aprenda a comunicar com o seu cão.
2 - Faça-o sempre saber que está por perto.
3 - Seja sempre gentil.
4 - Treine-o com muitas recompensas e encorajamento.
5 - Permita que se aproxime de estranhos farejando primeiro as suas mãos.
6 - Vedar os espaços exteriores onde o cão vive é essencial para a sua segurança.
7 - Estabeleça um treino regular e contínuo.
8 - Ame-o e aceite-o com as suas necessidades especiais.
9 - Prenda-o dentro de casa para o ajuste inicial, educação básica, relacionamento e segurança dele.
10 - Nos passeios, mantenha-o sempre á guia e perto de si, dá segurança a ambos. Coloque uma etiqueta na coleira com o nome e os seus contatos e a menção de “SURDO”.

Um comentário:

  1. Olá, tenho um cãozinho, mestiço, ou vira-latas, que está beirando os 11 anos. Ele está surdo, não reaje a estímulos quando não está vendo. Tenho feito um esforço grande no sentido de orientá-lo, auxiliá-lo no seu dia-a-dia, mas noto que ele tem ficado cada dia mais triste e acabrunhado. Percebo também que tem medo, sofre com algo que imagina, não sei. Mas as vezes treme e fica escondido embaixo da cama. Não sei mais o que fazer. Tenho medo que a tristesa dele o faça sofrer mais ainda. Como posso fazer para ele se sentir melhor. Uma vez que passo a maior parte do tempo com ele e fazendo carinhos. Imagino que se sinta mais seguro me vendo por perto. Kátia

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