domingo, 10 de janeiro de 2010
O Herói dos animais de Santa Catarina!
Homem arrisca a vida para salvar animais
O analista de sistemas Egon Budag desafiou a natureza para resgatar seus cavalos e cães ameaçados pela enchente que atingiu Santa Catarina.
Hélter Duarte
Ilhota, SC
Imagens da terra arrasada. A tragédia em Santa Catarina deixou mais de 130 mortos. Ainda há dor e destruição até onde a vista alcança. O Morro do Baú, no município de Ilhota, foi uma das regiões mais atingidas. Joelma e o analista de sistemas Egon Budag viveram todo o drama da enchente. Na chegada ao sítio onde o casal morava dá para notar a alegria dos cavalos.
“Na nossa ausência, eles ficam preocupados. Quando alguém vem, é aquela festa”, conta Egon.
Uma foto tirada antes da catástrofe revela que o lugar era um paraíso. Agora está totalmente transformado. Imagens gravadas pelo próprio Egon mostram como a força brutal da natureza agiu naquele sábado de novembro.
“Parecia algo poderoso, não havia o que fazer. Você tinha que respeitar. Não tinha mais o que pensar sobre o assunto, só deixar acontecer. Não dava para fazer nada. A natureza já tinha decidido”, diz Egon.
O casal perdeu cinco vizinhos soterrados na avalanche de lama e acompanhou o desespero dos animais, que não sabiam para onde correr.
“Eu senti o sofrimento dos animais, o desespero deles. Estavam totalmente desamparados. Eu sabia que eles iam morrer porque não havia comida nem quem os alimentasse. A princípio, eles estavam apavorados. Muitas vacas mugiam. Era um choro só na região. Os cachorros uivavam. O problema dos porcos é que eles estavam presos dentro dos chiqueiros e não houve tempo para as pessoas libertá-los. Eu tive que pegar pedaços de pau e pedras para demolir, porque não existiam portas”, lembra Egon.
Sempre ouvimos dizer que o cachorro tem um amor incondicional pelo dono. Mas em Ilhota o dono provou que sente esse mesmo amor sem limites – não só pelos cães, mas por todos os bichos. No dia da tragédia, a água do rio subiu rapidamente. A correnteza arrastou pedras enormes, trouxe troncos de árvores e levou muita lama para dentro das casas. Mesmo assim, Egon não desistiu da ideia de só deixar o sítio quando todos os animais estivessem em segurança. Por isso ele arriscou a própria vida e chegou até a recusar ajuda de um helicóptero de salvamento que pousou no meio do quintal. O comandante da operação tentou convencê-lo.
“Eu disse para ele: ‘Sei que o senhor está preocupado comigo, com a minha vida, mas fui preparado, estou esperando isso aqui e essa é a minha vivência, minha vida. A vida de todos os animais da redondeza vale muito mais do que a minha’”, conta Egon.
A ordem da Defesa Civil era para que todos deixassem a área imediatamente. Joelma foi resgatada, mas Egon – mesmo isolado – não arredou pé. Cachorros apareciam de toda parte. Entre eles, Pretinha, que é cega. Só uma semana depois, e já com cinco cães no sítio, outro militar conseguiu fazê-lo mudar de idéia.
“Veio um soldado muito simpático e prestativo, dizendo que eu tinha que embarcar. Eu disse embarcaria, mas tinha que levar meus amigos. Ele disse que eu não podia. Então, eu disse que também não voltaria. Ele foi perguntar para o comandante se era possível. Ele saiu correndo em direção ao helicóptero e de lá deu sinal positivo. Naquele momento eu me emocionei. Foi um alivio para mim poder levar esses pequenos animais”, conta Egon.
O piloto era o major Artur, da Polícia Militar do Paraná. Ele acomodou os cinco cães no bagageiro do helicóptero e diz que ficou emocionado com a determinação de Egon. “Assim como muitas pessoas, eu também gosto de animais. Se estivesse no lugar dele, jamais abandonaria meus animais de estimação em um local de risco como aquele, sem comida nem água. Com certeza, eu também ficaria. Entendi a situação dele. Por isso, nós fizemos o possível para atendê-lo. Assim, todo mundo ficou feliz, inclusive os cãezinhos”, diz o piloto.
Hoje Egon e Joelma vivem em Blumenau com a certeza do dever cumprido. “Fiquei muito feliz quando carregamos aquela gaiola até o helicóptero. O soldado também estava feliz. Foi um momento muito legal”, lembra Egon. “Esses animais são formidáveis. Eles também são nossos irmãos. Nós formamos um elo de amizade que nos une e também nos protege mutuamente”.
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